quinta-feira, 15 de outubro de 2015

Santa Teresa de Ávila


Conseguiu fundar mais de trinta e dois mosteiros, além de recuperar o fervor primitivo de muitas carmelitas, juntamente com São João da Cruz
Com grande alegria lembramos, hoje, da vida de santidade daquela que mereceu ser proclamada “Doutora da Igreja”: Santa Teresa de Ávila (também conhecida como Santa Teresa de Jesus). Teresa nasceu em Ávila, na Espanha, em 1515 e foi educada de modo sólido e cristão, tanto assim que, quando criança, se encantou tanto com a leitura da vida dos santos mártires a ponto de ter combinado fugir com o irmão para uma região onde muitos cristãos eram martirizados; mas nada disso aconteceu graças à vigilância dos pais.
Aos vinte anos, ingressou no Carmelo de Ávila, onde viveu um período no relaxamento, pois muito se apegou às criaturas, parentes e conversas destrutivas, assim como conta em seu livro biográfico.
Certo dia, foi tocada pelo olhar da imagem de um Cristo sofredor, assumiu a partir dessa experiência a sua conversão e voltou ao fervor da espiritualidade carmelita, a ponto de criar uma espiritualidade modelo.
Foi grande amiga do seu conselheiro espiritual São João da Cruz, também Doutor da Igreja, místico e reformador da parte masculina da Ordem Carmelita. Por meio de contatos místicos e com a orientação desse grande amigo, iniciou aos 40 anos de idade, com saúde abalada, a reforma do Carmelo feminino. Começou pela fundação do Carmelo de São José, fora dos muros de Ávila. Daí partiu para todas as direções da Espanha, criando novos Carmelos e reformando os antigos. Provocou com isso muitos ressentimentos por parte daqueles que não aceitavam a vida austera que propunha para o Carmelo reformado. Chegou a ter temporariamente revogada a licença para reformar outros conventos ou fundar novas casas.
Santa Teresa deixou-nos várias obras grandiosas e profundas, principalmente escritas para as suas filhas do Carmelo : “O Caminho da Perfeição”, “Pensamentos sobre o Amor de Deus”, “Castelo Interior”, “A Vida”. Morreu em Alba de Tormes na noite de 15 de outubro de 1582 aos 67 anos, e em 1622 foi proclamada santa. O seu segredo foi o amor. Conseguiu fundar mais de trinta e dois mosteiros, além de recuperar o fervor primitivo de muitas carmelitas, juntamente com São João da Cruz. Teve sofrimentos físicos e morais antes de morrer, até que em 1582 disse uma das últimas palavras: “Senhor, sou filha de vossa Igreja. Como filha da Igreja Católica quero morrer”.
No dia 27 de setembro de 1970 o Papa Paulo VI reconheceu-lhe o título de Doutora da Igreja. Sua festa litúrgica é no dia 15 de outubro. Santa Teresa de Ávila é considerada um dos maiores gênios que a humanidade já produziu. Mesmo ateus e livres-pensadores são obrigados a enaltecer sua viva e arguta inteligência, a força persuasiva de seus argumentos, seu estilo vivo e atraente e seu profundo bom senso. O grande Doutor da Igreja, Santo Afonso Maria de Ligório, a tinha em tão alta estima que a escolheu como patrona, e a ela consagrou-se como filho espiritual, enaltecendo-a em muitos de seus escritos.
Santa Teresa de Ávila, rogai por nós!



Fonte: http://santo.cancaonova.com/santo/santa-teresa-de-avila-santa-teresa-de-jesus/



quarta-feira, 7 de outubro de 2015

A missão: razão de ser Igreja - Dom Giovanni Crippa



A “missão”: razão de ser da Igreja 
Celebrando o 50º aniversário da promulgação do decreto conciliar Ad gentes 

Todo ano, no mês de outubro, a Igreja é chamada a refletir sobre a missão como realidade constitutiva do seu ser e do seu agir. 1. A Igreja - ensina o Concílio Ecumênico Vaticano II - “é, por sua natureza, missionária” (AG 2). Esta afirmação do decreto conciliar Ad gentes, cujo cinquentenário de sua promulgação estamos celebrando, lembra que a missão tem sua origem em Deus que é Amor que não se contem, que transborda, que se autocomunica. A missão nasce deste “amor fontal” do Pai, que envia o Filho, que envia o Espírito, que envia a Igreja. A Igreja nasceu para ser enviada e sua missão não tem confins, é para o mundo inteiro. A ela compete anunciar o Evangelho às pessoas que já o conhecem, mas sem esquecer que deve chegar a todos os povos. A consequência desta missionariedade é que a Missão é essencialmente eclesial e que Igreja e Missão constituem uma unidade inseparável; uma sem a outra resultaria numa contradição inaceitável. Ela, como “grão de mostarda”, “pequeno rebanho”, é chamada a ser sacramento da salvação para toda a humanidade. É católica por natureza enquanto sinal da presença de Cristo nela. Anunciar Jesus Cristo não é apenas mais uma atividade entre muitas outras desenvolvidas pela Igreja, mas a sua razão de ser. A Igreja existe enquanto é “enviada”. A missão é prioritária no que diz respeito à Igreja. Não é a Igreja que faz a missão, mas é a missão que constitui a essência e o rosto da Igreja. 2. Como a missão define a essência e o fundamento da Igreja, o ser missionário define o ser cristão. Se Deus chama todos os homens e as mulheres a participar de sua vida divina, de maneira especial, todos aqueles que, pelo batismo, foram feitos filhos e filhas do mesmo Pai são chamados a participar da sua missão. Os membros da Igreja, povo de Deus, são chamados a ser, integralmente e em toda a parte, um povo missionário, a caminho, para partilhar a sua fé. Passados cinquenta anos do grande evento conciliar, devemos reconhecer que a consciência da “natureza missionária da Igreja”, apesar de estar sempre presente na reflexão teológica e pastoral, não conseguiu transformar a prática eclesial e, tão pouco, realizar uma verdadeira conversão à missão. A Igreja, Povo de Deus, não se tornou ainda um povo missionário! 3. De fato, a Igreja da América Latina, nas Conferências de Rio de Janeiro (1955), Medellín (1969), Puebla (1979), Santo Domingo (1992), procurou colocar em prática as indicações do Concílio e, na última Conferência de Aparecida (2007), convidou os cristãos a assumirem a própria vocação de “discípulos missionários” colocando o inteiro Continente a serviço da missão. O Papa Francisco, na exortação apostólica Evangelii gaudium, retomou as conclusões de Aparecida quando afirmou que quer uma Igreja “em estado permanente de missão” (DAp 551). A missão nasce do amor, do amor que cada um de nós tem para com Jesus. Tanto mais amamos Jesus, tanto mais sentimos a necessidade de falar dele. A missão é uma dimensão do meu ser cristão; a missão não poder ser feita por uma outra pessoa, mas por mim porque ela é a medida do meu amor para com Jesus. Se nós não fizermos missão não poderíamos ser considerados cristãos. Se eu não me sentir impulsionado a tornar visível o amor que sinto para Jesus, aquele amor não pode ser verdadeiro. O chamado a ser cristão (no batismo) que precede o convite de Jesus: “vem e segue-me,” tem seu último desdobramento no imperativo: “vai”. A missão pertence à iniciação cristã e nós somos cristãos na medida em que nos sentimos destinados a testemunhar o evangelho. A missão nasce do verdadeiro amor por Jesus, mas com o olhar aberto ao mundo, ao outro. 4. Com muita alegria constatamos que a missionariedade, em nossa Diocese, está presente em suas diferentes expressões. As Pontifícias Obras Missionárias, através da Infância e Adolescência Missionária (IAM), da Juventude Missionária, das Famílias Missionárias e dos Idosos Missionários constituem, na maioria das nossas paróquias, um instrumento muito valioso para a educação a um espírito missionário e para a comunhão e a colaboração com as necessidades da Igreja no mundo inteiro. O COMIDI (Conselho Missionário Diocesano) está dando seus primeiros passos para ajudar a Igreja a viver sua vocação missionária e a despertar o ardor missionário nas pessoas engajadas nas pastorais e nos movimentos. O COMIDI incentivará e acompanhará, também, a formação do COMIPA (Conselho Missionário Paroquial) para despertar, motivar e levar todos os grupos, movimentos e pastorais à responsabilidade missionária dentro da paróquia. Ao mesmo tempo, ajudará a comunidade cristã a sair do recinto paroquial e chegar a todas as pessoas afastadas e àquelas que a pastoral ordinária não consegue atingir. 5. Desde a promulgação do Decreto Ad gentes, até a exortação Evengelii gaudium, a missão assumiu novos rostos, mas nunca parou. A palavra “missão” tornouse sinônimo de: “saída”, “portas abertas”, “periferias”, “colocar-se a caminho”, “encontrar”… Na verdade, a Igreja não sabe fazer outra coisa, senão anunciar o Evangelho. Muita estrada resta-nos ainda a percorrer para sermos fieis a esta vocação e ter sempre “a missão na mente, na boca e no coração” (Bem-aventurado José Allamano). Com as mesmas palavras do Papa Francisco exorto a todos: “Não nos deixemos roubar o entusiasmo missionário!” (EG 80). “Não deixemos que nos roubem a alegria da evangelização!” (EG 83). 

                                              Dom Giovanni Crippa, IMC Bispo de Estância


Fonte: http://www.diocesedeestancia.com.br/